domingo, 19 de novembro de 2017

Alunos calmos(domados por medicação) x Agitados

Os agitados me desafiam mais do que os dito como "normais", eu tenho TDAH e digo que não é nada fácil estar em um mundo onde você não se sente entendido.
Alunos agitados atuam interferindo na velocidade da criação, somos nós que gritamos por uma pedagogia mais avançada e adequada às necessidades das novas gerações, que representam a espécie humana modificada. Somos altamente intuitivos, persistentes e obstinados quando se trata de realizar, de fazermos o que sabemos que é preciso ser feito.
Alunos assim tem perfeita noção da urgência e representam bem a expressão: Ser é fazer. Somos o que somos, na medida que agimos, encurtando a distância entre o pensamento e a ação. Pessoas como eu concretizam, criam experimentam e é isso que alunos inquietos fazem em sala de aula. Temos essa necessidade da realização prática, de fazer acontecer. Queremos o agora, o imediato, fazemos e pensamos depois, sentimos depois.
Não precisamos que nos domem com remédios, precisamos de alguém que nos ajudem a canalizar de forma correta toda essa energia. Precisamos de suporte e apoio.
Como entender o que se passa com crianças e adultos assim? Simples percebendo que possuímos uma energia superior e que temos uma inteligência emocional e espiritual elevada. Entendendo que não conseguimos nos adaptar a escolas e a professores que exigem comportamento disciplinado, imóvel, de ficar parado, quieto; de só falar quando chamado, de cumprir regras que não fazem sentindo. Não conseguimos nos submeter ao modelo padrão tradicional de educação, porque isso não nos serve.
Passei a vida toda tendo que sufocar minhas perguntas, porque para o mundo elas não eram importantes. Passei horas sentada tendo disciplinas e conteúdo dos quais eram desinteressantes e não despertavam curiosidade.
TDAH nada mais é do que energia mal dirigida, revelando distração e, portanto, pouca capacidade de prestar atenção.
Essa energia mal dirigida é por falta de estímulos adequados e de ambiente adequado para se expressar e se manifestar. Isso acontece por falta de interesse e sensibilidade dos adultos para ouvir de verdade as crianças. Só as conhecendo é que se pode oferecer os estímulos e as motivações corretas.
Trabalho com alunos agitados e quando eles não vão, o dia é sem graça, o tempo demora para passar e isso me deixa inquieta. É incrível como nos entendemos muito bem, e eu sei que se quero que prestem atenção em mim preciso antes ajudá-los a gastarem a energia. Por isso realizo atividades que ajudam nisso, com jogos motores. Após entro em sala, faço um jogo calmo de relaxamento e a mágica está feita. Uma vez calmos, tenho atenção total deles.

Estou em uma turma onde a maioria é de meninos, agitados e que visivelmente ali 3 possuem TDAH. Sei que não posso ter alunos favoritos, mas eles...são os meus prediletos.

domingo, 12 de novembro de 2017

À sombra desta Mangueira- sobre a obra de Paulo Freire



A visão de mundo de Paulo Freire nos mostra que é interagindo com o mundo que o conhecemos, percebe-se isso quando o mesmo nos dá como exemplo o animal, que se adapta fácil sem restrições e o ser humano necessita de uma relação mais dialética para sua integração.
Compreende-se pelo texto que a ética no contexto educacional se caracteriza pelas decisões tomadas, mediante delas é que o mundo nos corresponde e afetamos o outro.
A educação é o porta voz para mudanças significativas no contexto social, com ela há transformação.
Freire critica o neoliberalismo e acredita que as classes populares precisam ter voz, tanto quanto as classes dominantes. Essas que tiveram como prática educativa a pseudoneutralidade, que consistia em uma formação entendida como treinamento. O autor defende que a educação vai além da escrita da palavra e do entendimento do texto, mas sim também da leitura do mundo em que vivemos e seu contexto.
Ao mesmo tempo lendo metodicamente e refletindo, podemos observar que Paulo Freire entende que é impossível separar o aspecto técnico da educação do político. Ambos precisam caminhar lado, a lado para se fazer uma leitura de mundo mais ampla e melhor.
A palavra tolerância é citada pelo escritor que nos ensinar a sermos mais pacientes e a conviver com o diferente, para assim combater os antagônicos lutando para dar continuidade a educação progressista que muito é ameaçada atualmente.
Por isso se faz necessário educar para despertar a curiosidade nos alunos, para que eles e até nós mesmos possamos encontrar respostas significativas para evoluir. Para isso o diálogo é essencial, pois só assim o radicalismo será extraído do mundo.
O Estado, Políticas Públicas etc. também necessitam exercer seu papel com responsabilidade e ética, para que assim se possa ter um futuro mais digno e que seja benéfico a todos.

Concluo então, que o mais é válido nesse texto é a reflexão que ele nos propõe e através das palavras do autor, ele nos faz pensar como estamos contribuindo para construção de um mundo melhor. Pois o que fazemos hoje, afeta o amanhã.