“Uma
pessoa educada é a que assimilou, que interiorizou, em suma, que aprendeu, o
conjunto de conceitos, explicações, habilidade, práticas e valores que
caracterizam uma determinada cultura, sendo capaz de interagir de forma
adaptada com o ambiente físico e social no seio da mesma” (CALFEE,1981)
No texto de abertura,
Hilton Japiassu nos fala da compartimentalização dos saberes e da importância
do trabalho integrado. De que modo vocês relacionam estas questões com a
“Fragmentação dos processos de produção (Taylorismo & Fordismo) e da
cultura escolar” e “As novas necessidades das economias de produção flexível”
expostas por Santomé?
Já no texto de abertura é
possível refletir sobre a fragmentação dos saberes e como esta refletirá na
constituição das aprendizagens do educando e por fim na formação cultural da
sociedade de forma em geral. Na leitura referente a globalização e interdisciplinaridade
podemos vincular as ações sociais dos
processos de produção com os mecanismos pedagógicos da educação, diferenciando
as duas fortes correntes curriculares presentes na educação atual, por um lado
aqueles que fundamentam com um resultado de um processo de desenvolvimento em
grande parte interno da pessoa, e outro que concebem como o resultado de um
processo de aprendizagem, em grande parte externo a pessoa, diferenciando assim
as práticas pedagógicas que o embasam.
Quando pensamos em
currículo temos que entender que ele tem como função principal criar uma identidade,
subjetividade –opinião- conhecimento. Sua natureza epistemológica é social, não
nos deixando esquecer o aspecto político. A finalidade primordial do currículo
é promover o desenvolvimento o desenvolvimento do ser humano, a divergência
está em como se dá este crescimento e quais ações pedagógicas promovem este
crescimento. ”Um currículo é uma tentativa de comunicar os princípios e
características essenciais de um propósito educativo, de tal forma que
permaneça aberto à discussão crítica e possa ser efetivamente transladado a
prática” (STENHOUSE,1984, p.29).
É certo dizer que o homem
é um ser social, ou seja, culturalmente organizado. Por isso, a relação das
movimentações sociais com os processos educativos.
Ao ler sobre o fordismo (método
de produção idealizado por Henri Ford), não pudemos deixar de lado nossa
reflexão sobre como as escolas, tentam derrubar o capitalismo há séculos e não
conseguem, porque as mesmas dependem do capitalismo para tentar derrubar a ele.
Se o fordismo era forte na época era por conta da própria sociedade, que em sua
maioria o alimentava. No fordismo, temos o modelo de uma indústria de produção
em massa, grande quantidade de produtos idênticos, onde cada operário deve
fazer seus movimentos mecânicos de forma desvinculada do todo, sem muito
esforço cognitivo e de relação com o meio ou seus pares. Essa é a ideia de um
currículo baseado no apriorismo, ou seja, a aprendizagem subordina-se ao
desenvolvimento, sem muita construção de aprendizagem ou interação.
Diferente de hoje que
ainda lutamos contra o mundo capitalista, antigamente combater o capitalismo
era ir contra um sistema ao qual não existia seres pensantes e sim massa de
manobra.
Teorias críticas após um
tempo foram criadas com base no Marxismo e escola e sociedade passaram a serem
os culpados por esta onda de transformações, que atingia a indústria cultural,
o ensino, a ideologia, reprodução cultural/social, poder, capitalismo; relações
de trabalho da época.
Depois de um tempo surgiu
as ideias pós-críticas, que a esses se davam em grupos sociais tornando-se
assim a democracia uma maneira onde se obtinha na escola identidade,
alteridade, o respeito as diferenças, a subjetividade e principalmente o saber,
que era um poder negado a sociedade. Sujeitos que antes eram desinformados, passaram
a buscar informações e com pensamentos reflexivos, que antes eram podados.
A teoria toyotista (método
de produção idealizado por Taichi Ohno, dono da fábrica Toyta) de produção, traz
a individualidade de seus produtos, a participação e contribuição de seus
operários, buscando a qualidade e o “defeito zero”, ou seja, pensando na
qualidade geral do todo. Assim se concebe um currículo baseado na interação e
na construção das aprendizagens por parte do indivíduo. Antes o que importava
era o produto final (nota) e não o processo de produção (busca e processos de
construção das aprendizagens).
O que percebemos hoje em
dia, é que o multiculturalismo está em choque com a homogeneização cultural, que
nada mais é que uma tendência econômica como globalização, mídia e capitalismo
envolvidos. Assim para que o multiculturalismo crítico possa funcionar, o
diálogo é fundamental para eliminação das desconfianças entre povos e culturas
diferentes. A escola nessa parte precisa buscar mais práticas, ações para
trabalhar isso. É preciso trabalhar etnia e não raça, raça é um termo
pejorativo de dizer que algo é melhor que o outro, já etnia representa traços
culturais e biológicos típicos de cada região do mundo.
Para o Etnocentrismo não
ser uma doença no nosso mundo precisamos que o relativismo cultural seja ensinado
nas escolas. Compreender as diferenças mesmo não estando de acordo com algumas
culturas, é o primeiro passo para o respeito entre os seres humanos.
Ao pensarmos as práticas educativas
que compões o currículo escolar, as questões sociais, culturais e do
desenvolvimento cognitivo e psicológico do indivíduo devem ser considerados. Pensar
que tipo de indivíduo estamos formando e por consequência em que sociedade
idealizamos é o ponto principal desta reflexão. O produto final, assim como o
seu processo de produção deve ser repensado para que a escola possa cumprir o
seu papel de forma satisfatória.