A Educação de
Jovens e Adultos (EJA) se constitui como uma modalidade da educação básica, no
Ensino Fundamental e Médio, mas com características próprias, conforme a Lei de
Diretrizes e Bases (Lei n. 9394/96). Essa modalidade possui uma função social reparadora,
tendo em vista que, sobremaneira, procura responder a todos os sujeitos que não
tiveram seu direito básico à educação atendido, na idade considerada adequada
(infância e adolescência). Assim, deveria ser compreendida como uma política
pública transitória, relacionada à reparação dos sujeitos em situação de
distorção de idade, ao mesmo tempo em que a educação básica seria garantida para
as crianças e para os jovens em idade correta, reordenando adequadamente o fluxo
escolar do país e corrigindo a exclusão de determinados segmentos sociais da
escola, inclusive minimizando o índice de analfabetismo que ainda é marcante no
Brasil. Esse analfabetismo, fruto de um passado marcado pela exclusão e de um
presente, pela desigualdade social, fere, ainda, gravemente os direitos básicos
à cidadania de parte significativa da população.
Dessa forma, a
EJA possui uma função reparadora em relação às desigualdades sociais, assim
como ao acesso concreto à cidadania e, por consequência, a possibilidades de
vida diversificadas de alcance de dignidade e reconhecimento social, por meio
de políticas públicas efetivas. Assim, a EJA busca os princípios básicos da
liberdade e da igualdade, através de modelos pedagógicos próprios que procuram
atender às demandas específicas desse público alvo.
A função
reparadora da EJA leva a outra função fundamental dessa modalidade: a equalizadora,
no sentido de permitir o acesso mais igualitário às oportunidades sociais
diversas, dentre as quais as relativas ao mundo do trabalho (ainda que não
apenas a ele), a partir da reentrada no sistema educacional, respeitando a
trajetória e a bagagem conceitual trazida e constituída por cada um de seus
alunos adultos. Enfoca-se, por consequência, a busca de uma sociedade menos
desigual, principalmente em termos de exercício de cidadania e de formas de
vida mais dignas a todos.
Por fim, essas
duas funções levam a uma última, considerada permanente: a função qualificadora
da EJA, que também se configura como um de seus princípios fundamentais. Essa
função entende a importância da constituição compartilhada e da divulgação
constante de conhecimentos por toda a vida e para todos os sujeitos,
alicerçando-se no potencial humano de crescer continuamente, descobrir e
(re)criar, inclusive a si mesmo.
Assim sendo
não podemos compreender a EJA como sendo um público que necessita apenas de
escolarização, o objetivo fundamental é incluir. Porque esse público alvo é
diferente e se faz necessário compreender os aspectos sociais, culturais relacionados
e inerentes dos mesmos. Assim sendo além de suas modalidades serem de reparação,
equalização e qualificação; ela também é de emancipação.
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